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Roberto Fernandes fala sobre a boa fase do Náutico

“Este ano, a união dos atletas é absolutamente diferente do que era ano passado”, disse o comandante alvirrubro.


16/03/2018 20h20
Por Assessoria FPF - Foto: Divulgação FPF
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Com 18 anos de carreira como treinador profissional, Roberto Fernandes coleciona várias histórias no futebol brasileiro. São títulos e conquistas individuais que fazem do treinador um dos melhores da nova geração. Na sua quarta passagem pelo Náutico, o técnico vive um dos momentos mais favoráveis à frente do clube – só não melhor até agora que em 2007, quando foi coroado como técnico revelação do Campeonato Brasileiro da Série A, quando comandava o Timbu.

Em agosto do ano passado, Roberto Fernandes foi novamente convidado para assumir o time alvirrubro, após seis anos afastado dos gramados pernambucanos. Na época, o Náutico disputava a Série B do Campeonato Brasileiro e estava na lanterna da competição nacional com apenas 11 pontos somados, quando o comandante assumiu o clube dentro das quatro linhas. Apesar dos números o treinador não pensou duas vezes em aceitar a “convocação”, nome dado por ele próprio ao convite feito para voltar ao clube. Chegou ao Recife com a dura missão de tentar livrar o time de um rebaixamento. Estreou na 19ª rodada, e o seu primeiro jogo foi contra o Luverdense. Venceu a partida por 1 x 0. Após assumir o comando do time, Fernandes conquistou seis vitórias, 11 derrotas e três empates. O Náutico acabou rebaixado, mas a confiança da diretoria alvirrubra no treinador fez com que o contrato fosse renovado para a temporada 2018.

Este ano, Fernandes vem mostrando aos torcedores e aos próprios dirigentes que a decisão foi acertada. Com uma equipe estruturada e segundo o próprio comandante unida, o time vem conquistando seus objetivos nas competições disputadas. Com a melhor campanha na primeira fase do Campeonato Pernambucano, tendo terminado na primeira colocação com 19 pontos em 10 jogos disputados, o Timbu vai decidir a vaga para a semifinal, neste domingo (18), dentro de casa, contra o Afogados da Ingazeira. Na Copa do Brasil o time garantiu a classificação para a Quarta Fase, na última quarta-feira (14), com uma vitória diante do Cuiabá, por 1 x 0. Pela Copa do Nordeste, o clube ainda está vivo e na briga pela classificação para as quartas de final. São três competições em disputa e um único desejo: levar o clube mais longe onde ele possa chegar. 

Confira a entrevista completa com o técnico alvirrubro:

Já foram vendidos mais de 11 mil ingressos para o jogo diante do Afogados da Ingazeira. Teremos o maior público da temporada na Arena, este ano. Qual a expectativa para o confronto deste domingo (18)? A presença do torcedor motiva ainda mais o grupo?

Nós temos um grupo totalmente reformulado, né? E eu posso dizer que para muitos dos jogadores vai ser a apresentação do grupo para a torcida do Náutico porque a sequência de jogos, competições variadas, a gente não teve nenhum público acima de 10 mil, e a torcida do Náutico é bem maior que isso. Então, eu acho muito importante a torcida chegar junto exatamente no momento aonde todo jogo é decisivo. A gente tem uma sequência contra o Afogados. É decisão, ou ganha ou não segue no Estadual, depois vem o Botafogo da Paraíba, ou ganha ou não segue na Copa do Brasil, depois vem Salgueiro, caso passe do Afogados, e aí é semifinal, ou ganha ou tá fora da final, então são finais e final sem o apoio do torcedor perde todo o sentido.

Após uma temporada com a de 2017, muito se especulou que o Náutico não começaria tão bem o primeiro semestre de 2018, até mesmo por se tratar de um grupo recém-formado. Mas você conseguiu fechar esse elenco e trazer um espírito aguerrido que a muito tempo o torcedor não via. O que mudou internamente para que você conseguisse mudar a postura dos jogadores?

Eu acho que mudou tudo, né? Eu acho que a gente tem que começar por cima. Mudou o presidente, mudou diretoria, são formas de administração diferentes, mudou algumas coisas de comissão técnica aonde aqueles que não estão mais conosco têm todo o nosso respeito, mas tem hora que você precisa dar uma oxigenada e, sobretudo, mudou o perfil dos atletas. Como caiu a receita, como a gente teria um valor infinitamente menor de contratação do que foi o ano passado, então nós precisávamos de jogadores acostumados a dificuldade, acostumados a jogos sob pressão, jogadores acostumados a fazer de cada jogo uma decisão e com isso a gente conseguiu transformar o ambiente de trabalho que no ano passado não era dos melhores e, este ano, a união dos atletas é absolutamente diferente do que era ano passado.

Nitidamente a fase do Náutico mudou. No ano anterior uma simples bola pingada na área sobrava sempre no pé do adversário para fazer o gol. Hoje, a bola bate na trave, pinga em cima da linha e não entra. Dentro do grupo vocês percebem que a fase é boa, que as coisas estão acontecendo para o Náutico?

Eu chamo isso de sinergia. A sinergia faz com que um mais um seja três e não dois. Onde cada um dá um pouco mais em prol do seu companheiro pelo comprometimento dele dentro de campo com nossos objetivos e com o ambiente que se tem fora. Então, acho que essa junção acaba mudando também a própria lei da atração. Você só vai colher o que plantar. Quando o ambiente é positivo dentro de campo as coisas se tornam mais positivas. É o que eu falo que o mesmo chute bate na trave, sendo que um vai para e o outro entra. Lances absolutamente iguais e eu acredito muito nisso, na questão da sinergia.

Quando você assumiu o Náutico no ano passado, o clube estava numa situação bastante complicada, era lanterna da Série B. Você pensou duas vezes antes de aceitar o convite?

Eu costumo dizer que às vezes você é convidado e às vezes você é convocado. Eu fui convocado. Qualquer treinador em seu estado são mental era muito difícil aceitar um desafio desse porque era praticamente impossível. A maior reviravolta que aconteceu num campeonato de pontos corridos como é a Série B, ela aconteceu justamente comigo no ABC e naquela ocasião o ABC tinha feito 14 pontos e conseguiu com um turno apenas não ser rebaixado, o Náutico tinha 11, são três a menos. E três pontos para quem precisa de 11 fazer 43 faz uma diferença grande. Então, a gente sabia da dificuldade, do desafio e por isso que falei que em tempo e temperatura normal era muito difícil, mas eu atendi a maior convocação de amigos. Como todo mundo sabe eu sou de Recife, sou Pernambucano. Pesou muito mais a questão de tentar fazer uma causa em prol do futebol pernambucano do que a gente ter a segurança de que ia lograr êxito numa situação daquela.  

Nessa temporada você vem fazendo um trabalho bastante consistente. O Náutico terminou a primeira fase do Pernambucano na primeira colocação. Avançou para a Quarta Fase da Copa do Brasil e está vivo aí em busca da classificação para as quartas de final da Copa do Nordeste. A quem você deve isso? Ao grupo? A comissão técnica?

Em primeiro lugar ao comprometimento dos atletas. A gente tem um grupo que mescal bem alguns jogadores experientes como é o caso do Wendel, do Josa, do Negretti, do próprio Ortigozza, o próprio Wallace, somado a uma molecada com uma fome tremenda de conquistar o seu espaço no futebol. Seja aqueles que vieram da base, como aqueles dois que vieram contratados, mas que também são jovens. A gente tem, talvez, uma das menores médias de idade, por exemplo, de sistema defensivo das equipes que neste momento irão disputar a Série C. Então, a gente tem essa mescla muito interessante, mas eu acho que o diferencial está sendo o comprometimento desse grupo para com o clube Náutico.

Este ano, o Náutico vem se reestruturando fora de campo também. O clube está se preparando para voltar aos Aflitos e você está vivendo com toda a torcida e diretoria esse clima de expectativa e ansiedade. Fala um pouco sobre isso.

Eu logro a Deus que em primeiro lugar ele me conceda esse enorme prazer de voltar a dirigir o Náutico nos Aflitos. É um coisa que eu jamais consegui entender a saída do Náutico dos Aflitos, eu até entendo e talvez em uma situação bem organizada que o Náutico pudesse jogar alguns jogos na Arena aonde a demanda do público passasse de uns 30 mil, mas por exemplo no campeonato estadual, se nos Aflitos eu já acredito que seria deficitário alguns jogos imagina na Arena. Um outra coisa fundamental, um jogo sem a chamada do público é muito difícil fazer com que o torcedor do Náutico se desloque para um estádio mais distante, porque o torcedor do Náutico na sua grande maioria ele mora ali no entorno. Eu acho que o Náutico como instituição, time, torcida, nós vamos ganhar muito com essa volta aos Aflitos.

O torcedor do Náutico cobra muito a conquista de títulos. Qual a expectativa para essa temporada?

Eu entendo bem o lado do torcedor porque eu também estou com essa sede de títulos. Em campeonatos estaduais eu tenho cinco títulos e o último foi em 2015, então eu estou há três anos, o torcedor está há 10, então são 10 anos de diferença. Então, queira Deus que com muito trabalho, humildade, pé no chão, a gente sabe que não é o favorito, a gente sabe que é o time que está correndo por fora, mas este ano há uma esperança muito grande que a gente possa conquistar esse título.

 

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